quinta-feira, 19 de junho de 2008

NAZISMO - Revisionismo e negacionismo, Luis Milman

MILMAN, Luis. “Negacionismo: gênese e desenvolvimento do genocídio conceitual” In.: MILMAN, Luis, VIZENTINI, Paulo. Neonazismo, negacionismo e extremismo político. Porto Alegre: Editora da Universidade, 2000.


Luiz Milman vai abortar neste pequeno, porém bastante completa artigo, o tema sobre as origens do negacionismo através de uma análise de seus principais teóricos, bem como destacando suas principais características e em que se baseiam para afirmar certas coisas que são tão absurdamente desacreditáveis.
O pilar central que vai embasar as idéias de Milman é que o movimento negacionista e revisionista que começa a partir do início dos anos 1950 está intrinsecamente ligado ao anti-semitismo. Essas idéias de revisão da história bem como a negação do Holocausto passa, necessariamente, pelos adeptos do anti-semitismo, principalmente na Europa e nos EUA. Discutir o negacionismo é, assim, discutir o anti-semitismo.
É muito comum que, na análise do problema da negação do Holocausto, nos deparemos com falsas questões. Porém, existem fatos que são irrefutáveis, mas que os revisionistas insistem em refutar.
Ainda como historiografia, o negacionismo é uma deformação. Como ideologia, no entanto, ele é uma expressão particularmente assustadora da naturalidade com que convivemos com o perspectivismo relativista, o verbalismo vazio e a demagogia pseudocientífica.
Milman vai apontar como um dos primeiros negacionistas os franceses Paul Rassinier e Robert Faurrisson. Ambos vão dizer quase que a mesma coisa, assim como seus seguidores posteriores. Eles vão estar sempre negando de maneira categórica a existência de Campos de Extermínio e mesmo de uma grande matança de judeus. Para eles, muitos judeus morreram sim, mas em decorrência da guerra – o que seria inevitável. Milman consegue facilmente refutar qualquer afirmativa nesse sentido, uma vez que muitos documentos desmentem tal afirmativa.
O que esses negacionistas fazem é selecionar aqueles documentos que lhes interessam e refutam simplesmente os outros documentos. Até mesmo relatos são ignorados, pois dizem fazer parte de um grande complô judaico internacional contra a Alemanha. Mais uma vez aí o anti-semitismo está no cerne da questão. Para os revisionistas, a Europa e os árabes-palestinos são os principais inimigos do Estado de Israel. Inclusive, o alemão nazista Von Leers, ao se refugiar no Egito, coverteu-se ao islamismo, fazendo o elo entre o anti-semistismo alemão-europeu e o anti-semitismo árabe.
O que de mais interessante Milman nos mostra neste texto é o quão absurdo são os acontecimentos sobre o Holocausto que os revisionistas querem negar. Dizem, por exemplo, que as câmaras de gás não existiram porque não há nenhuma referência escrita sobre isso. De fato, Hitler nunca escreveu nada sobre as câmaras, assim como ele dificilmente emitia alguma ordem por escrito. Hitler fazia isso justamente para disfarçar o que estava acontecendo e, o simples fato de nenhuma ordem desse tipo estar documentada não significa que isso não aconteceu. Recentemente, a descobertas das plantas de Auschiwtz conseguem provar facilmente para o que serviam aquelas câmaras. Sem contar que muitos documentos foram destruídos antes que as forças aliadas chegassem até o bunker de Hitler.
Porém, o que o professor de filosofia quer ressaltar em seu artigo não é apenas refutar as idéias dos negacionistas, mas sim nos mostrar que idéias como estas ainda são recorrentes em nossa sociedade, que a banalidade do mal, como ele chama, parafraseando Hannah Arendt, é algo verdadeiro e muito presente em nossa sociedade, uma vez que uma das principais características dos revisionistas ou neonazistas é acreditar que os crimes por eles cometidos foram necessários e fundamentais, por isso, não carecem de remorso ou algo do gênero.

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